Hayao Miyazaki, fundador do lendário estúdio Ghibli, anunciou os planos de abandonar
a cadeirinha de diretor e dar entrada na aposentadoria. A polêmica notícia veio
do presidente do estúdio, Koji Hoshino,
e chocou otakus, jornalistas e amantes
da sétima arte presentes no 70º Festival de Veneza (70. Mostra Internazionale d'Arte Cinematografica), que aguardavam a
estreia internacional de Kaze Tachinu
(“o vento leva”), novo e recém-declarado último filme de Hayao.
"No passado, eu fui chamado diversas vezes para o
Festival de Veneza. Eu gosto muito do mundo. Mas gostaria de anunciar que estou
me retirando do meu trabalho depois de 'Kaze Tachinu'. Gostaria de dizer adeus"
– emocionou-se Koji Hoshino ao ler a
mensagem do cineasta. Segundo o presidente, o sensei prestará maiores esclarecimentos à mídia japonesa e aos fãs
em breve.
Relembrando que o ancião dos desenhos japoneses havia
divulgado o encerramento de sua profissão duas vezes no passado, mas sempre
cedendo aos pedidos dos admiradores e retomando a ativa pouco tempo depois.
Talvez ainda exista a chance da triste notícia mostrar-se reversível.
Verdadeiro ícone no Japão e no mundo, Miyazaki alimentou a imaginação de crianças do mundo inteiro com eternos
clássicos da animação japonesa. A Viagem
de Chihiro (2001), A Princesa
Mononoke (1997) e Meu Vizinho Totoro
(1988), obras-primas assinadas pelo diretor, comprovaram que velhas fábulas
japonesas originam filmes tão apaixonantes e repletos de significados quanto os
tradicionais contos de fadas.
Kaze Tachinu (assista o trailer), 11º filme do mestre, retrata
fantasiosamente a vida de Jiro Horikoshi,
o inventor do avião de caça Mitsubishi
A6M Zero, utilizado pelos japoneses no histórico ataque a Pearl Harbor. Sem quebrar a tradição, o
longa-metragem superlotou os cinemas da terra do sol nascente.
Diretor, roteirista e animador, Hayao Miyazaki fundou o estúdio Ghibli
com os colegas de carreira Isao Takahata e Toshio Suzuki em 1985, aplicando os fundos obtidos com a
impressionante bilheteria de Nausicaä do
Vale do Vento (1984). Entre os temas roteirizados pelo cineasta de 72 anos,
são recorrentes a pureza da infância, contos folclóricos, os horrores da guerra,
profanação da natureza e a atuação das mulheres na sociedade.
Fonte de inspiração a artistas e principalmente para as crianças,
cuja infância foi enriquecida pelos mundos e personagens fantásticos nascidos
de sua imaginação apurada, Hayao Miyazaki
será uma trágica perda não apenas para o universo otaku, mas também para as artes cinematográficas em geral.
Maiores informações podem ser lidas no site brasileiro do
estúdio Ghibli, criado por fãs.